Monday, June 11, 2007

FEITICEIRA



Das brumas do tempo,
pelo fogo protegida.
Sozinha aprisionando,
o seu ego no esquecimento,
a bela feiticeira,
pelo ar era sustentada

Pelo receio de amar
e da terra ser despojada
a sua torre se mantinha
Coesa e inatingível,
a bela feiticeira,
Pelo fogo era protegida

ò amargo cálice
que prometes a elevação
nas doces gotas do teu degusto
do alto iria cair,
a bela feiticeira...
da terra seria despojada.

No cristal do destino
de única face concebido
o mago lhe era prometido.
O às de espadas era o seu códice.
Da terra, a bela feiticeira
Iria ser elevada.

Volátil como a água...
Pelo coração foi traída
Depressa conjurou
Ò luzes secretas que o tempo transporta
Afastai de mim este cálice
A feiticeira, da terra e do ar não quer ser afastada

.'.

O seu pedido foi atendido
Pelas luzes secretas que o tempo transportava
O cálice foi afastado
Pobre feiticeira
Não sabia que o seu mago
Era o senhor da luz, o dono do tempo.

Pelo estranho pedido, pelo etérico conjuro,
O cálice, ao mago chegou.
No seu fulgoroso palácio
Onde o ser e o estar não tinham significado
Suas gotas degustou
A Feiticeira o aprisionou.

Pelo eco daquele pedido
O mago se guiou.
Nas trevas da noite, pelo lua iluminada
Envolta e protegida
Na terra sua torre, no ar sustentada
A bela feiticeira foi encontrada.

“Quem és tu?”
“Sou aquele que transporta a luz, aquele que o tempo obedece.”
“Que trazes na tua mão?”
“O cálice que eleva.”
“Que queres de mim, senhor da quente frágua?”
“Dizer-te que o cálice está vazio.”

“Do cálice, o amor... por mim foi sorvido
Doce líquido, por ti foi oferecido.
Agora que te encontrei bela senhora...
Entrego-to para que não o temais nunca mais
Pois todo o seu liquido...
por mim foi bebido.”

.'.

De costas voltadas,
O mago, da janela da torre se aproximou.
“Ò tempo que me obedeces, Ò luz da divina paz
Fazei-me chegar reconciliado,
ao meu palácio encantado.
O estranho cálice do amor,
só por mim foi provado.”

Pela escura capa se envolveu
No silêncio da noite se perdeu
Do local onde se elevou
O Às de espadas no chão estava prostrado
A bela feiticeira depressa verificou
Que o destino estava traçado.

Débil e ensombrado, diluído no seu trono,
O senhor do tempo, o detentor da quente frágua,
no degelo, se encontrava.
Pela valorosa espada, pela inútil luta tentava
Libertar o seu coração
do estranho amor que o cálice o mergulhara.

“Estavas enganado”
Ecoou a bela voz,
que do estranho estado de torpor o libertara.
A bela feiticeira, à sua frente
O cálice, na sua mão,
cheio se apresentava.

O amargo, doce se tornou,
nos lábios daquela feiticeira.
A água ao fogo se juntou
A bela feiticeira...
da terra e do ar foi afastada.

Emanuel Alves - Maio de 2004

1 comment:

fantasia said...

E foi assim que a nossa história começou!... Não podia haver outras palavras ou quadro melhor que nos fizesse lembrar da só nossa história!
Amo-te sempre!